Minha experiência com a palavra escrita

Até hoje me lembro do primeiro livro que ganhei do meu pai. Era uma coleção de bolso de História do Brasil. Li e reli aqueles quatro pequenos volumes dezenas de vezes e desenvolvi uma paixão especial por esse assunto. Tanto é que, na minha infância e na minha adolescência, jamais imaginei que um dia me tornaria professor de Matemática. Embora muito simples e semianalfabetos, meus pais tiveram a  sabedoria de me incentivar no hábito da leitura. Outros livros se seguiram e me recordo claramente da coleção Vagalume, da Editora Ática. As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain e A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Julio Verne também figuram entre os primeiros livros lidos. Com o passar do tempo, adquiri o hábito de ler tantos estilos diferentes que, assim como o relato de Danuza Leão, quando dei por mim, estava lendo desde bula de remédio até a Bíblia. O depoimento da psicanalista Anna Verônica Mautner também me foi muito tocante, pois enfatiza a impotência que a linguagem científica (e aí incluo a própria linguagem matemática) tem ao traduzir sentimentos e sensações. Daí a importância da literatura em nosso cotidiano. Os diversos estilos literários são capazes, em seu conjunto, de servir como um eficiente instrumental de entendimento do mundo, das coisas, das pessoas e dos seres em geral. Ler e escrever consubstanciam-se, para mim, numa espécie de oxigênio para a alma.